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Bem ti vi

Para você, Letícia, meu Bem-te-vi".
Viste, hoje, o passarinho na janela?
Tão frágil, tão pequeno, tão delicada fera.
Parece procurar-te, de primavera, em primavera. Até pousar cansado, noutra janela.
Ouviste-lhe, acaso, o canto de saudade? Também eu te procuro minha bela.
Encontro-te no meu peito, fiz-te um ninho, aconcheguei-te no meu altar.
É que aquele passarinho na janela lembrou-me o dia que há muito já perdi.
Bem me quiseste, e tanto bem te quis...
Quiseste mais, eu sei, compreendi. Tu frágil, doce, bela...
Lembro-me de ti. Esquecer-te, meu amor, seria como me esquecer de mim.
É que aquele último dia cerrou-te os olhos delicadamente, e entre beijos eu te vi partir...
Voaste!... Voaste firme e decididamente.
De volta para dentro de mim,
E eu... Fiquei aqui, a lembrar-te de ti, a sonhar contigo, esperando o dia em que poderei te ter aqui, em meus braços para abraçar-te, beijar-te, beijar-te, beijar-te..
Te espero até depois do fim.

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Todos os dias ela vive em mim, mas datas invade-me!
Dia 05/04 ela nasceu, eu me permito sentir todas dores, mas acima de tudo "Gratidão"
Dia 15/10 ela foi para o céu, e eu sou revolta, questionamentos, mais ainda sou amor!
Maio mês das mães, das flores, do meu nascimento e nesse mês, ela é ainda mais minha!
Dia 25/12 é natal, dia em que faço meus pedidos, de misericórdia, compreensão e força!

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

“É o amor que faz chegar a presença"

O luto parental desafia a vaidade de se perpetuar por meio da descendência. Perde-se a referência de futuro e das possíveis projeções idealizadas nos filhos. Evidencia a fragilidade da vida, assim como a ausência de uma sequência lógica diante da terminalidade. A morte do filho gera mudanças em todo o sistema familiar, repercutindo na relação do casal, dos pais com os filhos vivos e entre os irmãos sobreviventes. Há possibilidade da família se desintegrar, mas também de coconstrução de novos arranjos familiares.
Nosso desafio, há 17 anos, é aceitar e assimilar a morte de nossa filha caçula e prosseguir na vida, como casal; como pais de uma filha sobrevivente; como avós de uma neta de cinco anos, que está aprendendo a amar a tia invisível. Já escutamos inúmeras vezes, que superamos bem o luto. Esse trabalho não é de superação. A proposta é transformar separação em atitude vitalizada. Estímulo a aprendizados, sair da acomodação e ir além, buscando adaptação e renovação. Nesse tempo, muito trabalho e disposição para incluir outros enlutados e convidá-los a estar conosco nessa tarefa em que não se supera, mas repara, recupera, regenera, transforma e transcende a dor da perda.
O luto parental escancara a nossa condição de seres mortais, finitos e esgotáveis e nos apresenta a humildade para digerir essas circunstâncias. Há luto pela morte da ilusão de perfeição como pais; do controle sobre a vida das pessoas que geramos; dos inúmeros sonhos projetados e da falsa sensação de sermos, nós e nossos filhos, pessoas especiais, imunes a qualquer intempérie. O desafio é sobreviver, após a morte de filhos, como pessoas comuns. Essa realidade nos alerta de que não somos donos, mas guardiões da nossa prole. A proposta é evoluir, no processo, do luto à luta, reconhecendo que a dor nos move a aprender, a conectar com a coragem de viver, com a alegria, sem nos paralisar no sofrimento desmedido.
A posse não compreende perda. Ter o filho é diferente de termos a posse de sermos pais. Perdemos, fisicamente, os filhos, mas não perdemos a condição de sermos pais. É a relação amorosa que permite apreender a noção de transcendência na imanência, se manifestando na vida cotidiana. O propósito final da vida não é o de possuir coisas, é o de possuir a si mesmo, pelo exercício contínuo de fazer perguntas, que possam ampliar a consciência. Há perguntas que restringem tais como: Por que eu? Por que comigo? E se …? Mas há perguntas que ampliam: o que me sustenta? O que eu posso aprender de mim? Com quem posso contar? O que posso pedir? O que escolho renunciar? O que priorizo? O que faz sentido?
O desafio como pais é o de ser capaz de continuar a amar depois da perda física. O amor não é mais forte do que a morte, ele é, apesar da morte e fora do seu alcance. O amado foi embora, o amor não. Amor é a gratidão pelo convívio. Como disse Fábio de Melo, “É o amor que faz chegar a presença, mesmo quando só a ausência é o que temos.”

(Eduardo Carlos Tavares e Gláucia Rezende Tavares)

domingo, 15 de outubro de 2017

Pote de vidro

Assim minha alma é, um pote gigante de vidro...tudo nela já coube...tudo nela já foi preenchido...pequenas lacunas restaram e estas achei que demorariam a vida para serem preenchidas...eu estava errada...muito errada...não entendia nada da vida...como hoje entendo pouco...achei que já tinha sofrido...que já tinha doido...ah como eu não sabia de nada...fácil é pensar que sabemos...fácil é analisar, julgar ...mas viver...viver é infinitamente mais difícil...hoje sei o que é verdadeiramente a dor do vazio...do jamais...do impossível...Minha alma, meu pote de vidro, sentiu-se estilhaçado com a martelada da morte...nem sei onde meu cacos foram parar...tudo o que existia nele, convicções, fé, amores, amizades...tudinho...senti espalharem-se por todo canto e ao mesmo tempo em lugar algum...jamais consegui os achar de volta...meu vidro foi quebrado...brutalmente quebrado...não voltará ser inteiro como não conseguimos colar um vidro esmigalhado...sei que dia a dia, pedaço por pedaço estou me refazendo...devagar...com uma ajuda muito especial...a ajuda de um serzinho que vive no céu...Minha Joia Letícia, 2 Princesas que são minha ancora e um presentinho enviada do céu Minha doce Mariana ...escolhida por ela. Mas como um papel que é amassado, um vidro estilhaçado jamais volta a ser como no início, assim sou eu...não por não querer...não por não sentir saudade de ser intacto...mas não haver como...não haver remédio...não haver uma “cola” que nos faça ser como uma dia já fomos...inteiros.
Sentirei saudades deste tempo para sempre...o tempo que eu não sabia o que era sobreviver sem um pedaço do corpo...da vida...da alma...meu pedacinho!


 Por, Tatiana Maffin

sábado, 13 de maio de 2017

Quem nunca ouviu:
Jó tinha tudo, Deus tirou tudo, e Jó glorificou o nome dele, Deus então deu tudo em dobro para Jó.
Esta lá, nas escrituras!
Homem de fé, Deus o honrou!
Citação muito comum usada contra as mães em seus momentos de revolta, nos diminuindo, fazendo pouco da fé que tivemos e algumas ainda as mantém.
Um homem de tamanha fé foi honrado, nós mero mortais ao invés de seguir o exemplo, ficamos revoltadas.
Até que um dia, uma outra mãe de Anjo "Fernanda  mãe do Anjo Raphael"  refletiu sobre a citação e descobriu algo perfeito.
A citação diz, Deus o honrou dando a Jó tudo em dobro do que ele havia perdido, o dobro das propriedades, da criação, etc. Mas quando  chega na parte dos filhos está escrito que Jó teve ainda 7 filhos e 3 filhas, o que totaliza 10. Mas se ele perdeu 10, ele não tinha que ter recebido 20, por se tratar de o dobro? 
Pois é, tudo ele recebeu em dobro, inclusive os filhos, mas em uma matemática diferente. Ele não recebeu mais 20, porque filho não se substitui, também a morte é outro engano, a morte figurada existe, há despedidas e até funeral, enterramos nossos entes, porem a vida continua de uma outra maneira, e um  dia Jô iria reencontra-los. Então os que ele iria reencontrar um dia + os novos que chegaram totaliza os 20. 
No dia que li essa descoberta da Fernanda entendi, tudo passou a fazer sentido. Se engana quem pensa que mães que perderam seu filho e tiveram outros tempos depois sentem-se aliviadas, não pensem que no coração delas houveram essa substituição, tão pouco que deixaram de sofrer a morte daquele que foi para o céu. O coração dessa mãe continua a sangrar de saudades, tristeza e até revolta, existe sim, também uma felicidade absoluta pelo filho que chegou, ela finalmente compreende que agora são 2 a preencher o coração dela, um de saudades, outro de alegria, no meu caso 4. É grata pelo filho que chegou, mais em momento algum sentiu compensada. Filhos são únicos, jamais deixaram de existir porque morreram. Na matemática o cálculo é de soma. É conforme o tempo passa, a saudade aumenta, mas a revolta tende-se a diminuir e a gratidão por todos os filhos (vivos e mortos) a aflorar!
Jó perdeu 10 filhos, e tenho certeza, foi a pior coisa que o aconteceu, nas escrituras também está escrito que ele também questionou a Deus, chegou a amaldiçoar o dia em que nasceu. Deus o honrou dando-lhe a ele tudo em dobro do que havia perdido, menos os filhos, os filhos ele deu a mesma quantidade fazendo o entender que um dia teria os filhos tirados novamente, agora como ficou o coração de Jo ninguém sabe, eu posso imaginar, enquanto se alegrava com tudo em dobro que ganhava, enquanto agradecia os filhos novos que chegava, a saudade pelos filhos mortos com certeza o castigava. Ninguém supera a morte de um filho, porque seria diferente com Jó?
Jamais comparem o sofrimento de uma mãe que perdeu um filho com a conduta exemplar de Jó. Jó também agonizou a morte de seus filhos e jamais os substituiu. Jo também sentiu dor e revolta e aceitou pela esperança do reencontro.
Minha gratidão hoje é também a Fernanda que refletiu e desvendou o mistério. A mim foi de extrema importância, pois já podemos nos defender perante a conduta de Jo .
Antes disso quando vinham com o bla bla bla de Jó, eu já dizia logo, minha fe nao era a de Jó, e sim a de Lázaro, quando Jesus foi para ressussita-lo disseram:
Ele já cheira mal, e mesmo assim,

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Saudade cheia de amor

"É uma saudade tão minha. Tão nossa. Tão recheada de histórias. É uma saudade tão grande, tão presente, tão constante. É amor que se eternizou através de carinho, de sorriso, de passeios, de histórias na hora de dormir. É amor que ficou diante do tchau que eu não queria dar, diante do mundo de sonhos que imaginei. É uma saudade cheia de vida, de bons momentos, de carinho sincero, de felicidade que impulsiona. É uma saudade de criança que brilha nos olhos e aperta o coração. É saudade que não tem fim, que não dimensiona, que não termina. É a minha saudade cheia de cor. Cheia de A M O R!!!!"

_____ Marcely Pieroni Gastaldi