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Bem ti vi

Para você, Letícia, meu Bem-te-vi".
Viste, hoje, o passarinho na janela?
Tão frágil, tão pequeno, tão delicada fera.
Parece procurar-te, de primavera, em primavera. Até pousar cansado, noutra janela.
Ouviste-lhe, acaso, o canto de saudade? Também eu te procuro minha bela.
Encontro-te no meu peito, fiz-te um ninho, aconcheguei-te no meu altar.
É que aquele passarinho na janela lembrou-me o dia que há muito já perdi.
Bem me quiseste, e tanto bem te quis...
Quiseste mais, eu sei, compreendi. Tu frágil, doce, bela...
Lembro-me de ti. Esquecer-te, meu amor, seria como me esquecer de mim.
É que aquele último dia cerrou-te os olhos delicadamente, e entre beijos eu te vi partir...
Voaste!... Voaste firme e decididamente.
De volta para dentro de mim,
E eu... Fiquei aqui, a lembrar-te de ti, a sonhar contigo, esperando o dia em que poderei te ter aqui, em meus braços para abraçar-te, beijar-te, beijar-te, beijar-te..
Te espero até depois do fim.

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Todos os dias ela vive em mim, mas datas invade-me!
Dia 05/04 ela nasceu, eu me permito sentir todas dores, mas acima de tudo "Gratidão"
Dia 15/10 ela foi para o céu, e eu sou revolta, questionamentos, mais ainda sou amor!
Maio mês das mães, das flores, do meu nascimento e nesse mês, ela é ainda mais minha!
Dia 25/12 é natal, dia em que faço meus pedidos, de misericórdia, compreensão e força!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Coração de uma Mãe

O coração de uma mãe é um abrigo para a saudade, abrigo para as lembranças de tudo que sempre sonhamos em ter e viver.
No coração materno é guardado sentimentos inexplicáveis por aqueles que daríamos a vida para ter aqui. Nele está o amor, a dor, a lágrima contida, a saudade enlouquecedora, o grito que guardamos para nós...
O coração de mãe é um abismo profundo capaz de manter os sentimentos vivos por toda vida. E da mesma forma que nós mães amamos nossos bebezinhos no nosso ventre antes mesmo de conhecer, também amamos infinitamente nossos anjos, não podemos vê-los porem, eles estão aqui VIVENDO dentro de nós. 
O coração mantém os momentos guardados para que quando a saudade chegar com tudo, possamos relembrar e sonhar. 
O coração é a morada dos sentimentos mais puros e sinceros. E apesar de muitas vezes doer e estar em pedaços e nele que nossos anjos têm vida... é nele que guardamos o maior amor do mundo, amor que supera qualquer distância ou circunstancia... AMOR que transborda! 
Força Flavia Arnaud amo você!!!

terça-feira, 15 de outubro de 2019

PERDER UM FILHO AINDA BEBÊ. 

É escutar a pior notícia da vida: - Não encontramos batimentos! -Sinto muito, seu filho não resistiu. É acordar e perceber que não é um sonho, é mesmo um pesadelo. É recomeçar mesmo sem saber qual caminho seguir. É sentir-se inferior à outras mães por não ter conseguido manter vivo o milagre da existência. É todo dia tomar um remédio chamado tempo. É alimentar-se de lágrimas. É saber que isso acontece com muitas pessoas, mas não sentir alívio por não estar sozinha. É lembrar do nosso anjo em cada situação vivida. É imaginar como ele estaria hoje. É chorar ao ver uma mãe com um bebê no colo. É viver construindo infinitos. É viver com a sensação de estar faltando um pedaço de nós. É sentir solidão, porque já havíamos nos acostumado com a certeza da companhia. É descobrir sentimentos que não imaginávamos que existiam. É procurar a causa da perda mesmo quando não há como encontrar. É viver alternando fases de não desejar mais ter filhos com outras de querer conceber imediatamente. É ter acreditado que com nós não aconteceria esse imprevisto e perceber que essa sensação de proteção é falsa. É conhecer mulheres que engravidaram na mesma época e observar seus bebês no colo e ficar triste porque o seu não está ali. É conviver com o sofrimento solitário, apesar do apoio da família e dos amigos. É viver com metade do coração na terra e outro no céu. É ter que encarar de frente a sensação de incompetência, mesmo que não tenhamos culpa. É exercitar a paciência e a fé para esperar o que Deus tem reservado para nós. É descobrir que somos mais fortes do imaginávamos. É conviver com palavras de conforto e palpites que tornam nossos dia ainda mais sombrio. É viver a deslegitimação da nossa dor, "porque era só um bebê". É sorrir quando o coração está em pedaços e ter que caminhar com a alma incompleta, uma saudade infinita, um vazio que parece que nunca será preenchido e o coração transbordando de amor. É ter olheiras profundas por não ter um bebê para cuidar na madrugada. É padecer por não estar no paraíso. É comemorar cada dia que chegou ao fim, com a sensação de sobrevivência. É viver de vazios e recomeços. É ser mãe de colo meio cheio e meio vazio. É carregar um peso infinitamente maior do que o de um bebê. É ter nos olhos as marcas do mapa da nossa dor. É ser um lar da saudade. É ser habitação da eternidade. É resplandecer a luz e o amor eterno por um filho que estará para sempre tatuado na alma. É ser um milagre a cada amanhecer. É aprender a ser mãe sem tocar, sem ver. É viver a maternidade na ausência, ignorada, às avessas. É ter o rosto cansado, o corpo surrado e o olhar opaco pelo silêncio de um bebê que nunca irá chorar. É sentir saudades de tudo o que nem chegamos a viver. É ter dor pelo que não vai acontecer. É ter os pés fincados no chão, os olhos no céu e o coração voando com as nuvens. É amar com um céu de distância. É tudo isso e milhares de outros adjetivos mais. É ser eternamente mãe, porque maternidade, é eterna assim como o amor pelo filho, que não se pode ver, apenas sentir e tocar com o coração. 
Por: Helen Elias Rocha Siga 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Uma dor sem nome

Falar de luto materno é falar de uma dor que não tem medida. Segundo relatos de mulheres que passaram por esse infortúnio, quando uma mãe perde um filho, ela morre junto com ele.  É uma dor tão profunda que, ao longo da história da humanidade, não se conseguiu dar um nome para esse padecimento. Não existe nos dicionários uma palavra que o defina. Citam a palavra “órfão” (ã) para designar filhos que perderam seus pais e a palavra “viúvo” (a) para quem perde seu cônjuge. Mas não há uma denominação específica para uma mãe que perde filho. Esta dor é inominável.
Além de muito penosa exige um grande esforço de adaptação às novas condições de vida. Tanto as mulheres quanto todos os membros da família sofrem o impacto em seu funcionamento. Embora não possa ser medida, diríamos que esta seria a mais intensa entre todas as dores.
É um baque tão profundo que muitas mulheres passam toda a sua existência tentando se refazer.  Algumas não se recuperam jamais. É uma espécie de tsunami cerebral que perpassa a linha tênue da loucura. Todos os testemunhos são unânimes: é uma dor “para sempre”.
Segundo relatos de mães enlutadas é uma experiência que “esvazia o sentido da vida” e que é preciso “reaprender a viver". Muitos movimentos têm que ser feitos para que essa mãe possa se reconstruir. 
Esse rompimento da lógica e da infalibilidade da vida, que fazia essa pessoa acreditar que estava sendo amparada por certezas absolutas, de uma hora para outra, lança essa mãe, agora enlutada, em um lugar subjetivo onde não há mais controle e não há mais certezas.
Tudo aquilo em que ela acreditava, tudo aquilo que dava base a sua existência perde totalmente o sentido. Ela é obrigada, pelas circunstâncias, a lutar pela a sua própria sobrevivência psíquica. E, aos poucos, começa a repensar todos os seus conceitos. Uma mudança radical se faz necessária para que ela possa suportar a nova realidade. Começa, lentamente, um movimento de ressignificação para sobreviver à essa situação traumática .
Esse processo de “despedida” de uma lógica que embasava a vida anterior é relatado com frequência e traz um isolamento muito significativo para as pessoas que o vivenciam. Muitas mães dizem que os valores que passaram a permear as suas vidas atuais se tornam muito diferentes dos valores das pessoas que a cercam e que não passaram pela mesma experiência.  
Desta forma, algumas evitam frequentar determinadas amizades porque percebem que não pensam mais como pensavam antes. Enquanto suas reflexões estão mergulhadas em pensamentos filosóficos que buscam a razão da sua existência e do irreversível fim da vida humana, elas têm a impressão que o mundo ao seu redor continua o mesmo (e continua) sempre girando em torno de coisas que não fazem o menor sentido (para elas).  
Seguindo essa reflexão, os relacionamentos tornam-se insossos e desinteressantes e a tendência passa a ser o isolamento intelectual e físico. A busca pela leitura é relatada como um artifício utilizado por muitas mães para se distanciar socialmente e para aliviar os seus dias. 
Outro ponto importante a ser dito, no âmbito do luto, é sobre a qualidade do vínculo estabelecido com a pessoa que partiu. Segundo Parkes, “a força de um vínculo e a intensidade e duração do luto resultante quando tal vínculo é interrompido é proporcional ao valor genético da pessoa perdida”. 
Pressupõem-se que os filhos serão os responsáveis pela continuação da existência de uma família. E não se pode esquecer que há também a expectativa da chegada dos netos. Esta é uma das explicações dadas para o forte impacto causado quando há morte de jovens. Perde-se o filho, perde-se também a ordem sucessiva. Há uma inversão da ordem natural das coisas desafiando as expectativas.
A tudo o que foi relatado acima, pode-se adicionar sentimentos como a raiva, a incompreensão, a não aceitação do fato em si, a falta de fé, o desânimo e outros mais. Para os que convivem com esta mãe, fica a impressão que ela se tornou uma pessoa mais densa, mais crítica e, consequentemente, mais difícil de se relacionar. 
A fim de se fazerem ouvir muitas passam a contar a sua história em forma de livros. Há uma vasta literatura narrativa sobre o tema do luto materno, contudo vale a pena frisar, que na sua maioria, essa literatura é escrita principalmente por mães que, no auge de seu desespero, quiseram, de forma terapêutica, fazer diários que relatassem o trabalho interno que fizeram para assimilar o que estavam sentindo. E, sobretudo, para deixar seus depoimentos registrados para outras mães que viessem passar pela mesma experiência.  
Sendo assim, uma extensa produção de livros é publicada criando uma aliança entre mães que se apoiam mesmo sem terem tido a oportunidade de se conhecer. O livro Paula, de Isabel Allende, é um bom exemplo.
Um outro fenômeno interessante se instaura: as mães que perderam filhos se adotam entre si. Há um forte vínculo entre elas. Uma solidariedade que ultrapassa o fato de haver ou não uma amizade duradoura. Elas trocam facilmente segredos e intimidades sem nunca terem se visto antes. A necessidade de falar é maior que tudo.
Elas costumam participar de páginas de rede sociais falando abertamente de suas dores e trocando experiências. São vozes expressivas em grupos de ajuda, fundam organizações de cunho social, organizam cartilhas com temas exclusivos e engajam-se em movimentos em prol de causas específicas.
Junto com a crescente violência das cidades grandes, surgem grupos, por exemplo, de mães de policiais que se unem para melhorar as atuais condições da classe. E outros, tais como: de estudos sobre o luto, de mães vinculadas a movimentos religiosos de todos os tipos, de mães de chacinas, de desaparecidos, de suicidas, de acidentes de trânsito, grupos terapêuticos de mães enlutadas e outros mais.  Esse movimento multiplicou-se rapidamente de forma significativa e pode-se afirmar que são grupos que conseguiram uma verdadeira representatividade junto a líderes políticos.
O movimento de participação em grupos de apoio é, com certeza, de suma importância no trabalho de luto. A partir desses encontros as mães passam a falar abertamente sobre  o tema, se vêem umas nas outras e,   sobretudo abrem-se para a possibilidade de ressignificação da existência.

Márcia Noleto é Psicóloga Clínica. 
Formação em Fenomenologia Existencial (IFEN).
Voluntária no Projeto "Do Luto à Luta".

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Principio da vida / morte de um filho

Quando ocorre a morte de um filho, os pais sentem um choque profundo e forte com essa dor, pois eles sofrem e choram a perda de – um pedaço de si mesmo, que nunca mais voltará, um pedaço da alma que se parte em centenas de pedaços e nem o tempo, com sua sabedoria, será capaz de juntar e colar esses estilhaços.Os pais acreditam que segundo a lei da natureza e divina deveriam morrer antes de seus filhos. Mas isso, infelizmente, não é um princípio da vida. O escritor José Saramago resumiu essa dor: “Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado”.Nesse momento muitos pais clamam a Deus que troquem uma vida pela outra. São manifestações de corações despedaçados por um sentimento insuportável. Cada pai e mãe sentirá a dor da perda do jeito que as condições lhe permitirem. Dor é dor e nunca conseguiremos entender tudo que percorre na mente e no peito dos pais que vivenciam a perda dos seus filhos.A evolução da vida continua e os pais sabem que é preciso aos poucos recompor o que está esfacelado, da maneira que puderem e mesmo com as feridas ainda abertas, para superar o difícil caminho do luto. 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

No dia em que você foi embora

Difícil falar em tempo, a saudade o torna muito confuso mas, ao mesmo tempo, difícil esquecer que nesse dia você partia, deixando tantos lugares vagos e sonhos interrompidos. Os dias foram nos dizendo da necessidade de encontrar delicadezas nas despedidas, afinal, nem sempre sabemos o que fazer com a ausência dos olhares e sorrisos, da voz e desses sinais que pausam e desaparecem do nosso mundo. Somos pequenos e brigamos com a vida. O amor vira dor e, por ser tanto amor, exige o encontro de outros lugares. Amanhecer foi pedindo que nós encontrássemos lugares no coração e nas memórias pra você, amanhecer foi pedindo mais amor ainda pra dar um jeito na saudade. Você foi virando esses lugares que não traduzimos, virou sol, lua, entardecer e flores, meu amor, você virou os desenhos mais lindos da vida. Te amaremos mais ainda, porque amar na ausência é espalhar você  no mundo, encontrando lugares de paz.

(Teresa Gouveia)

SOBRE CHUVAS E ESPERAS

Sim, querida, quando chove fica mais triste esperar,
o barulho da água parece canção pra saudade,
cai de um jeito que faz barulho na alma,
leva pra lugares onde a espera não tem chegada,
acompanha o relógio, os dias, as noites, sente compaixão,
sim, nosso vocabulário esgotado pra explicar o vazio,
compreender as coisas do coração, 
que não sabe se corre ou desacelera,
o peito, que explode e, dali a pouco, fica miúdo,
o estômago, parece que tem gente andando por lá,
a água da chuva, falando do amor que pede descanso,
esparramado na terra por onde a gente anda,
nós, sozinhos e, ao mesmo tempo, acompanhados,
A chuva falando dos acenos não possíveis na alma...

(Teresa Gouvea)