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Bem ti vi

Para você, Letícia, meu Bem-te-vi".
Viste, hoje, o passarinho na janela?
Tão frágil, tão pequeno, tão delicada fera.
Parece procurar-te, de primavera, em primavera. Até pousar cansado, noutra janela.
Ouviste-lhe, acaso, o canto de saudade? Também eu te procuro minha bela.
Encontro-te no meu peito, fiz-te um ninho, aconcheguei-te no meu altar.
É que aquele passarinho na janela lembrou-me o dia que há muito já perdi.
Bem me quiseste, e tanto bem te quis...
Quiseste mais, eu sei, compreendi. Tu frágil, doce, bela...
Lembro-me de ti. Esquecer-te, meu amor, seria como me esquecer de mim.
É que aquele último dia cerrou-te os olhos delicadamente, e entre beijos eu te vi partir...
Voaste!... Voaste firme e decididamente.
De volta para dentro de mim,
E eu... Fiquei aqui, a lembrar-te de ti, a sonhar contigo, esperando o dia em que poderei te ter aqui, em meus braços para abraçar-te, beijar-te, beijar-te, beijar-te..
Te espero até depois do fim.

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Todos os dias ela vive em mim, mas datas invade-me!
Dia 05/04 ela nasceu, eu me permito sentir todas dores, mas acima de tudo "Gratidão"
Dia 15/10 ela foi para o céu, e eu sou revolta, questionamentos, mais ainda sou amor!
Maio mês das mães, das flores, do meu nascimento e nesse mês, ela é ainda mais minha!
Dia 25/12 é natal, dia em que faço meus pedidos, de misericórdia, compreensão e força!

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Efeito dominó

Engana-se quem pensa que perdi "só uma filha".  É impressionante o tamanho do estrago, do efeito dominó que se deu em TODAS as áreas da minha vida. Impossível reconstruir tudo. Perdi tanta coisa junto! Quem perde um filho perde a si também e essa dor psíquica de reconstruir-se é imensa. São tantas perdas, tantos lutos juntos! "Retomar" a vida ou voltar ao que era antes de tudo inexiste. A energia que essa reconstrução demanda é tão insuportavelmente grande, intensa, imensa, que, ainda hoje, sinto o baque de tudo. Amigos, profissão, família. Nada mais é igual. Ainda estou a catar os cacos no chão. A tentar entender que nunca mais serei a mesma de 2011. Nunca mais. Entender eu até entendo, mas às vezes esperneio para ver se o caminho se abranda e se compadece. Não existe superação. Existe sobrevivência à morte de um filho. Os dias seguem e um dia a maré acalma. Vez ou outra uma tempestade vem, mas o rumo mudou de vez. Não se navega mais para onde se desejava ir. Não foi só uma perda: foram milhares. E cuidar de cada uma delas leva tempo, energia emocional e dói. Muito.

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